sábado, 25 de janeiro de 2014

Destino Cruzado




Aloha galera do bem, e ai como estão às coisas, todo mundo ainda de ressaca do ano novo.
Bom pessoal, hoje resolvi mudar um pouco o contesto do que geralmente escrevo, gostaria de contar uma história de um casal de amigos a qual tenho muito carinho, aqui eu os chamarei de Marcio, Ester e sua filha Bia (Beatriz), deixando claro que eles sabem que eu postarei, apenas mudei seus nomes.

Os conheci em 92, época do colegial, o Marcio e a Ester já namoravam, meu e na boa, sabe aqueles casais que da nojo, era um grude, eu e o Marcio estávamos na mesma sala, fazendo o 3º colegial e a Ester o 1º, dava intervalo e lá estava os dois agarrados próximo à cantina, geralmente as sexta – feiras assistíamos as duas primeiras aulas e saímos para um barzinho próximo à escola para tomarmos cerveja (coitada da professora de historia, nunca tinha ninguém após o intervalo), eles eram aqueles casais que compartilhavam tudo, era pizza, batata frita na boca, o copo de cerveja era um só para os dois, e se pedia refrigerante era dois canudos na mesma garrafa (entendem quando falei que dava nojo).
Fiz muita amizade com ambos e aos finais de semana saímos, eu, Marcio, a Ester e uma prima dela Ana (nome fictício), a qual perdi contato e só fui reencontrar alguns anos atrás (mas vamos pular essa parte que é outra hitória). Bom é logico que tanto grude assim ou acaba em fim de relacionamento, pois acaba enjoando ou em casamento, e foi isso que aconteceu em 94, eles casaram e foi um prazer ser chamado para ser um dos padrinhos no civil junto com a Ana.
Como nessa época eu já estava respirando musica nos víamos bem menos, mas quando via o grude era o mesmo, mesmo casados eles mantinham aquele lance de carinho, chamego, não importava onde estavam me surpreendi quando fui a casa deles e eles discutiram na minha frente, para mim era uma novidade, nesse tempo todo nunca vi nem discordarem, quanto mais brigarem, mas achei normal, mesmo eles com todo grude tem o momento de stress e nem tudo são rosas em um casamento.
Mas essas brigas começaram a virar rotina, ao ponto de um dia eles irem me ver tocar e quebraram o pau, o Marcio levantou da mesa e deixou a Ester lá, logico que ela voltou comigo né e deixei-a na porta da casa deles, foi nessa época que ela descobriu que estava gravida da Bia, essa gravidez veio em boa hora, pois trouxe paz, e alegria para aquela casa, e aquele amor da época da escola parecia ter voltado o Marcio não deixava carregar um livro sequer, um carinho, um cuidado, em 97 nasceu a Bia e ali no meu modo de ver imperava a felicidade.
Em 98
eu não parava em São Paulo devido ao grupo de samba que eu tocava, eram 2 dias em casa e 5 na baixada santista, naquele ano quase não vi eles, no ano seguinte em uma das brechas que tive fui fazer uma visita com calma e confesso que quase cai de costas quando o Márcio veio me contar que estaria se separando da Ester, eu ainda cheguei a conversar com os dois, tinha essa amizade para chegar a esse ponto, para eles pensarem direito, tinham a beatriz que estava com 2 aninhos, que momentos ruins acontecem e bla bla bla, não teve jeito, eles acabaram se separando, a separação mais maluca que já vi como a Beatriz estava ainda com 2 aninhos eles morariam juntos até ela completar 6 anos, pois já estaria em idade escolar, porem tinha suas ressalvas, cada um viveria sua vida, podiam sair e tudo, ele saia de sexta ela no sábado, e na semana seguinte revezavam, saia um e o outro ficava tomando conta da Bia.
Olha eu ficava incomodado quando ia visita-los, era visível que eles não aguentavam olhar um para a cara do outro, aquele grude não tinha mais, era cada um por si, aonde ele traria uma cerveja pra mim e não traria uma pra ela, ou ela me trazia um café e não trazia pra ele, eu via 2 estranhos morando sobre o mesmo teto, na época de hoje falaria que eles estavam vivendo um BBB real.
O Marcio cansou de ir me ver tocar e sempre acompanhado de alguma garota, eu cheguei por 2, 3 vezes ver a Ester com outros rapazes, mas enfim, eu tinha tentado não entrarem nessa loucura, agora não podia falar mais nada, afinal a vida era deles, eram adultos e estavam de comum acordo, que era eu para falar que estava errado, mas era estranho, eles não viam mais as coisas boas um do outro, o Marcio, por exemplo, era um cara super trabalhador, até onde eu via um pai e sempre se mostrou um bom marido, a Ester uma fantástica dona de casa, uma ótima mãe e ainda dava conta de dar aula de manha, onde existia amor, naquele momento era desprezo de ambos os lados, amenizado apenas quando eles brincavam ou levavam a pequena Bia para brincar.
É, se as coisas estavam tensas iriam ficar pior ainda, a Beatriz estava preste há completar 5 anos, quando do nada ela tem uma febre altíssima e manchas meio vermelhas espalhadas pelo corpo, graças a Deus não foi em um final de semana onde um deles não estaria em casa, foi na madrugada e só foi percebido porque a Ester levantou para tomar agua e passou no quarto da menina, coisa de mãe né (na verdade o instinto materno é foda, parece que sente), ela chamou o Marcio e saíram correndo para leva-la a um hospital, no caminho a menina tem uma convulsão chegando ao hospital em estado critico.
Ali começaria o momento trash que mencionei, a Bia foi diagnosticada com leucemia (Uma doença degenerativa que atinge os glóbulos brancos, em outras palavras, câncer no sangue), ela ficou internada por vários dias e como não dava para ir visitar a menina fui ver os pais, saber como ela estava, se eles precisavam de alguma coisa, ali na minha frente depois de anos, ali na minha frente vi um sentado do lado do outro, vi a Ester desabar em choro no ombro do Marcio e ele acariciando sua cabeça dizendo que a Beatriz ficaria boa, que ela era forte e sairia dessa, que quando menos esperasse ela estava pulando e brincando como sempre dentro de casa, eles que nem se quer conversavam direito, só o básico, estavam ali unidos, se apoiando um no outro por uma única causa, a razão da vida de ambos sua filha Bia.
Foram 2 anos de tratamento, varias sessões de quimioterapia, e se não resolvesse ela teria que fazer um transplante de medula, vi a menina carequinha, o carinho dos pais para ela e a vontade dessa menina de viver, mesmo depois de fazer a quimio ela estava com aquele sorriso no rosto, os pais estavam mais próximos, bom pelo menos voltou a se ter respeito dentro daquela casa entre eles, eu via a recuperação da menina, ela cada vez melhor, cada vez mais corada, os lábios já não estavam tão brancos e os pais além de todo carinho com ela estavam carinhosos entre si, não os via com frequência, uma, duas vezes no mês por isso a mudança era brusca sempre que os via.
Depois disso fiquei um bom tempo sem velos, era 2004, eu estava envolvido de novo com a musica até o ultimo fio de cabelo, já fazia uns 6, 8 meses que não falava direito com eles era apenas ligações rápidas para saber da menina. Um sábado a noite, não estava tocando e resolvi fazer uma visita, e logico que não sem ligar antes e chegando lá minha alegria foi dobrada, uma por saber que a Beatriz não precisaria fazer o transplante, as intermináveis sessões de quimioterapia deram resultado, logico que ela ainda teria que ter um acompanhamento medico, mas a pequena naquele momento estava curada, e a outra noticia boa, com a doença da filha, o Marcio e a Ester viram o quanto um é importante para o outro, começaram a enxergar os valores do outro, souberam o que é família e o que significado das palavras ditas por um padre a eles em 94 “NA SAÚDE E NA DOENÇA, NA ALEGRIA E NA TRISTEZA ATÉ QUE A MORTE OS SEPARE”, da maneira mais dura, mais sofrida, viram que um precisa do outro e a pequena Beatriz de ambos, se bem que eu acho que eles é que precisam mais dela.
Em 2005 eles foram embora para o Paraná e nunca mais tive contato até o dia 1º de janeiro de 2014, onde encontrei o Marcio em um aloja de conveniência aqui próximo de casa, ele tinha vindo passar o final de ano na casa dos pais, estava ele a Ester e a Bia (hj com 17 anos), logico que tivemos assunto pra mais de tempos e não daria pra ficar de papo em um posto de gasolina, mas rapidamente ele me contou que esta com uma loja de eletro eletrônico que a esposa e a filha tomam conta, e ele da loja de informática, tem mais um gurizinho o Jr. De 4 anos.
Bom à conversa foi esticada para um sábado à noite, em um bar que íamos na época de colégio, fomos eu, ele a esposa e a Bia (que por sinal que menina bonita, nem parece ter tido o que teve), a Ester quis chamar a prima dela que eu achei melhor não (afinal isso é uma outra historia).

Agora pergunto, e se essa menina não tivesse adoecido, ou pior, se ela tivesse morrido, será que eles saberiam o valor de uma família, será que se falariam ainda, estariam tão unidos.

Na nossa vida temos momentos bons e ruins, temos que saber lidar com eles, saber reconhecer o certo e o errado, saber o real valor de uma família, não devemos esperar o juiz apitar o final do jogo para depois dizer “poderia ter feito isso, ter falado aquilo”, ai pode ser tarde demais, o que não foi o caso deles, mas foi tipo aos 47 minutos do segundo tempo foi

Beijos Galera até uma próxima.
Ale

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